
APRESENTAÇÃO

TEMA DO EVENTO
Por Profa Dra. Raquel Timponi e Prof. Dr. Édison Gastaldo
A inteligência artificial (IA) se tornou assunto de pautas midiáticas e do campo comunicacional no ano de 2023, devido à popularização recente do ChatGPT, sistema de inteligência artificial da empresa OpenAI que permite a interação e conversação do usuário da plataforma (humano) com um robô em formato de chat em texto, e de plataformas como Midjourney - AI voltada a imagens com aplicações no design e na criatividade-, de modo a propor a automatização de dados em auxílio ao humano nos processos de tarefas e atividades do cotidiano.
Apesar de o tema ser um assunto com vasta bibliografia científica reunida em um conhecimento de pesquisa dos últimos 70 anos, tal como registram os autores de referência Stuart Russel e Peter Norvig (2022), com início nos anos 1956, após os experimentos de Alan Turing (em testes entre a máquina simulando o comportamento humano) e, posteriormente, em aplicações em jogos e simulação da máquina do raciocínio humano (quando a máquina venceu um campeão de xadrez), as discussões dessas pesquisas ficavam restritas ao campo da pesquisa acadêmica ou ainda reverberadas imaginário social em filmes de ficção científica, pelos limites impostos e riscos da simbiose homem-máquina.
Todavia, na atualidade, uma das subáreas da IA, como a ênfase no aprendizado da máquina e em processamento de linguagem natural, permitiu que se desenvolvessem algoritmos e sistemas capazes de executar tarefas tradicionalmente realizadas apenas por seres humanos. Assim, embora o conceito de aprendizado profundo fosse inventado anos atrás, apenas recentemente ganhou aplicação prática, quando no contexto da Revolução Digital (GABRIEL, 2022) passou a existir poder computacional para demonstrar a eficácia e dados de treinamento suficientes em resultados significativos conquistados, aplicados a diversas áreas no cotidiano.
Nos últimos dez anos, o desenvolvimento de sistemas de computação apoiados por Inteligência Artificial (IA) impactou fortemente o campo profissional da Comunicação Institucional. Muito antes do célebre sistema de interação textual ChatGPT, grandes empresas já faziam uso de tecnologias baseadas em IA como ChatBots, sistemas de interação por voz (Alexa, Siri, etc) e análise automatizadas de BigData com algoritmos.
Portanto, os avanços tecnológicos da inteligência artificial, combinados com outras tecnologias emergentes no mercado, como Internet of Things (IoT), blockchain, impressora 3D, robótica e nanotecnologia, computação quântica, permitiram a potencialização nas produções aplicadas na indústria, de modo a transpor o campo da ficção para a vida cotidiana.
Esses sistemas são capazes de aprender com dados, identificar padrões, tomar decisões e resolver problemas de forma autônoma, sem a necessidade de intervenção humana. Consequentemente, no contexto da revolução digital, a inteligência artificial tem sido utilizada em uma ampla variedade de aplicações, incluindo robótica, análise de dados, machine learning, deep learning, processamento de linguagem natural (PNL), visão computacional e reconhecimento de voz.
AS LIMITAÇÕES DO USO DA IA
Todavia, ao mesmo tempo, essas mesmas tecnologias podem ser usadas como máquinas de guerra, com ChatBots dedicados a espalhar discurso de ódio e mensagens terroristas impunemente por todas as redes sociais digitais. A entrada em cena destas tecnologias alterou significativamente as práticas comunicativas em todos os níveis: pessoal e institucional, público e privado. Assim, um aspecto importante do tema e que merece debate é a dimensão da segurança, moral e ética no mundo atual, no contexto em que "seres digitais" tendem a participar cada vez mais de nossas vidas e a interagir em níveis ainda mais profundos com os seres humanos, inclusive como os coworkers, o que irá afetar o futuro da sociedade, do trabalho e das instituições, uma vez que estamos praticamente conectados 100% do tempo e interagindo constantemente com inúmeros sistemas inteligentes.
A EXPERIÊNCIA DO EB COM IA NA COMUNICAÇÃO
Neste sentido, o Exército Brasileiro vem acompanhando esta tendência há alguns anos. O ChatBot denominado "Cabo Max", inteligência artificial do Exército Brasileiro que funciona como o profissional de Relações Públicas das mídias sociais oficiais, entrou em atividade em março de 2019, e, em sucessivas versões, vem sendo aperfeiçoado, representando hoje um importante componente na Comunicação Institucional da Força, atendendo a centenas de milhares de interações com o público externo todos os meses, com desempenho cada vez mais otimizado. Mais recentemente, o Trom, Inteligência Artificial do Ensino a distância, do Ceadex, também iniciou os trabalhos com os alunos do EBAula.
Assim, justifica-se a necessidade da abordagem e debate aprofundado sobre essa temática em evento científico da Escola de Comunicação do Exército, no Centro de Estudos de Pessoal e Forte Duque de Caixas (CEP/FDC), em suas mais variadas dimensões e aplicações no universo da comunicação institucional no ambiente militar. O objetivo desta proposta é dedicar a Jornada de Comunicação Social 2022 ao tema "Inteligência Artificial e Comunicação Institucional: desafios contemporâneos".
Convidamos especialistas do campo acadêmico para as palestras, profissionais do campo da Tecnologia de Informação em estudos de AI e a Comunicação e militares ligados ao Projeto Max para dois dias de palestras, apresentações, workshops e debates abertos ao público externo, como já é tradicional do CEP/FDC. Também serão públicos estratégicos integrantes do CCOMSEx e abordagens de como trazer expertises da área para a Comunicação Institucional e usos militares como treinamento, auxílio à produção de conteúdos midiáticos, aumento da eficiência, entre outros.
A cada ano, a Jornada de Comunicação Social promove o encontro de militares ligados a Instituições Militares de Ensino Superior (Escola Naval, UNIFA, ECEME, ESG, etc) com estudantes e docentes do campo acadêmico civil (UFRJ, PUC-Rio, UERJ, UFF, UNIRIO). de modo a cumprir com a missão institucional do CEP de promover a integração das escolas militares com o campo acadêmico.